segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Relato de Amamentação

Para mim, amamentar o meu bebe era muito importante, muito especial, e decidi que faria de tudo para conseguir. Na gestação pesquisei muito sobre o assunto e assim descobri  que amamentar poderia não ser tão fácil assim, então fui atrás de tudo que pudesse me ajudar mesmo:
Entrei em contato com um serviço da prefeitura bastante conhecido aqui em Curitiba, o PROAMA, me antecedendo para saber o que poderia ajudar antes e depois do nascimento. Me cadastrei num grupo virtual de amamentação, o GVA, e lia todos os posts das mamães.  Na internet, encontrei relatos e informações sobre o assunto. Das amigas queridas, tive informações que me ajudaram com suas experiências. Cada uma delas pode me dizer algo valioso para me preparar. Algumas amigas sofreram horrores, outras com facilidade amamentaram, mas orgulhosamente todas tentaram! Eu sabia que poderia ou não ser uma tarefa fácil.

E então chegou o grande momento para mim...

Tive produção de colostro até mesmo antes de parir, e isto me tranquilizou sobre ter ou não ter alimento para o bebe. Ainda na  maternidade o leite desceu. A primeira vez que dei o peito, fiquei bastante ansiosa, mas felizmente minha bebe mamou um pouco. As enfermeiras auxiliavam quando a insegurança apertava. Algumas enfermeiras era muito boas em sua técnica, outras nem tanto!

Amamentação
Nenê num braço,  gatinho no outro.


Sabia que o mais importante era que o bebe fizesse a tal da "pega" corretam
ente, ou seja, abocanhasse o peito da forma certa (boquinha bem aberta, para que os leabios ficassem em formato de boca de peixinho. Tem muitas imagens e vídeos instrutivos a respeito disto. Uma única vez senti que o bebe havia pegado o mamilo de forma errada - abocanhou somente o mamilo sem a parte da aréola). Alguns minutos depois,meu mamilo já estava esfolado e machucado. Isto ocasionou uma pequena fissura, que tratei em casa com exposição do seio a luz, pomada de lanolina e muito, muito leite materno para favorecer a cicatrização. Depois desta vez não tive mais fissuras, graças a Deus.

Ainda na maternidade fomos nos conhecendo e aprendendo, o bebe a mamar certinho e eu a oferecer o peito da maneira certa. Ficava muito atenta se ela fazia a pega correta e isto, felizmente, estava acontecendo certinho. Fomos para casa e alguns problemas começaram ao amamentar, notei que um dos mamilos estava saindo um pouco achatado da boquinha da bebe. Além disto, ou em decorrência disto, o mamilo ficava com uma espécie de  ausência de circulação, ficando totalmente pálido e dolorido, muito mesmo. A dor começava algum tempinho depois de amamentar e parecia que eram facadistas pelo peito. Ô dor de lascar! Colocava bolsa de água quente, que aliviava. Mas mais um tempo se passava e o fenômeno voltava a acontecer. Comecei a dar mais um seio que o outro, para aliviar a dor, e ai acabou que o seio "bom" ficou também machucado e começou a achatar. Passei a testar todas as posições de amamentação que encontrei, cavaleiro, invertida, de "ponta-cabeça, brincadeira, esta não existe que eu saiba!

Posição cavaleiro

Começava assim a minha saga para sanar o problema. Eu quase em desespero para não desistir da amamentação (porque a dor era tanta que eu pensei em meio a lágrimas, que não conseguiria) comecei a buscar toda ajuda possível:

- no GVA postei um pedido de auxílio e a moderadora somente pode me instruir que seria ocasionado pela pega incorreta do bebe ao seio, e que seria necessário eu procurar um banco de leite na minha cidade para uma melhor avaliação;

- fui na PROAMA e não encontraram o problema ao examinar a mamada do bebe, que estava sim correta!

- Contratei uma enfermeira especialista em amamentação e também não tive uma solução... afinal, o bebe pegava a mama corretamente. Ela sugeriu que talvez fosse candidiase, que também causa grande dor a mãe.

Mas eu, lá no meu íntimo sabia que não era candidíase, e tinha certeza que a pega estava certíssima! Pesquisa aqui, pesquisa ali e uma luz surgiu. Encontrei um relato no blog Canto Materno e comecei a me identificar com a mamãe e seu problema. Foi assim que ouvi falar pela primeira vez da Síndrome de Raynaud.

Síndrome de que? De Raynaud minha gente!

Segundo o artigo de revisão "Problemas comuns na lactação e seu manejo" da dra. Elsa R. J. Giugliani, o fenômeno de Raynaud é uma isquemia intermitente causada por vasoespasmo que usualmente ocorre nos dedos das mãos e dos pés, também pode acometer os mamilos. Em geral ocorre em resposta à exposição ao frio, compressão anormal do mamilo na boca da criança ou trauma mamilar importante. Porém, nem sempre a causa é identificada. Os vasoespasmos podem causar palidez dos mamilos (por falta de irrigação sangüínea) e costumam ser muito dolorosos. Podem manifestar-se antes, durante ou depois das mamadas, mas é mais comum que ocorram depois das mamadas, provavelmente porque em geral o ar é mais frio do que a boca da criança. Muitas mulheres relatam dor em "fisgadas" ou sensação de queimação enquanto o mamilo está pálido, e por isso muitas vezes essa condição é confundida com candidíase, embora a infecção fúngica por si só possa levar ao fenômeno de Raynaud. Os espasmos, com a dor característica, duram segundos ou minutos, mas a dor pode durar 1 hora ou mais. É comum haver uma seqüência de espasmos com repousos curtos. Algumas medicações, como fluconazol e contraceptivos orais, podem agravar os vasoespasmos. (Fonte: scielo.br)

EureKaaa! Bingo! Uhuuuu! Isto ai!!! Mas e agora José?

E agora que neste meio tempo, já havia se passado o primeiro mês, recebi um comentário na postagem do VGA, de uma santa mãezinha, que relatou ter passado pelo mesmo drama. Suas palavras foram simples e certeiras, disse-me que com o tempo a dor passou! Pensei será?
E foi isto mesmo, cerca de 50 dias após toda esta saga, a dor paulatinamente foi diminuindo e eu insistentemente continuei amamentando.

amamentação

Contei aqui a parte sofrida da amamentação da minha filha. Mas seria injusto não relatar o quanto amor envolvido há neste momento. Sim, muito e puro amor, muita entrega e carinhos. Nada neste mundo se compara ao olhar dela extraindo o melhor de mim, nada é tão gratificante que ver a boquinha dela acoplada no meu peito e trabalhando firme na dedicada função de se alimentar!

Doeu, sofri, ela também; mas valeu cada minuto de persistência e amor! Hoje, ela esta com 9 meses e orgulhosamente ainda mama no meu peito!
#gratidão

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